Toledo tem alcázar… Segóvia tem alcázar… E Madrid?
Madrid não tem alcázar, mas teve! E é sobre a história deste lugar há muito desaparecido que vou falar hoje, dia em que se “comemora” o início da demolição do velho Alcázar de Madrid depois de vários anos na ruína.
Origens do Alcazar de Madrid
O Alcázar de Madrid foi, durante vários anos, o palácio real da monarquia espanhola, até ao seu desaparecimento em 1734.
Como já falei em outros artigos, a cidade de Madrid foi originalmente fundada pelos árabes. Servia de posto de vigilância contra os ataques cristãos ao Al-Andalus e à cidade de Toledo que na época era a mais importante.
E é aqui que devemos situar a primeira construção do alcázar (alcácer em português).
Algures entre os anos de 860 e 880 o emir de Córdoba, Muhammad I, mandou construir uma alcáçova no local onde hoje em dia se situa o Palácio Real de Madrid. Era o coração da cidadela islâmica de Mayrit, recinto amuralhado do qual ainda hoje podemos ver vestígios, e contava com uma mesquita e a casa do emir, para além do castelo.
Construído primeiramente como fortaleza militar, a alcáçova foi sendo ampliada e melhorada ao longo dos séculos e especialmente no século XVI, quando se converteu em palácio real (apesar de continuar com o nome de Alcázar).
Remodelações
No Alcázar de Madrid viveram 3 dinastias e 8 gerações de monarcas espanhóis, desde a dinastia dos Trastámara até aos Bourbons.
Apesar dos esforços por dotar o edifício de um traçado harmonioso, o facto de ter sido construído por cima de algo que já existia, ter sido modificado, ampliado e reformado, fez com que ao longo dos séculos o palácio fosse ficando com um aspecto cada vez mais heterogéneo e esquisito.
Os visitantes franceses e italianos, habituados a outro tipo de construções, criticavam fortemente o alcázar: as fachadas eram irregulares, a distribuição interior parecia um labirinto e muitos dos salões nem sequer tinham janelas.
Dinastia Trastámara
Converteram o alcázar na sua residência temporária. No final do século XV o alcázar de Madrid já era uma das principais fortalezas de Castela e sede habitual das Cortes do reino.
Enrique III (Trastámara)
Construiu várias torres que deram ao edifício um aspecto mais parecido a um palácio
Juan II (Trastámara)
Construiu a Capela Real e uma pomposa sala à qual chamava Sala Rica, pela sua decoração. Com estas obras o castelo foi ampliado em 20%.
Carlos I (Áustria)
Fez a primeira grande ampliação do alcázar em 1537.
Filipe II (Áustria)
Durante o reinado de Filipe II, o alcázar foi convertido definitivamente em palácio real. Mandou construir a Torre Dourada e a Armería Real, que se encontrava no local onde hoje encontramos a cripta da Catedral da Almudena.
São também feitas grandes obras de remodelação das zonas privadas do Rei e da Ala Oeste.
Filipe III (Áustria)
Com Filipe III é a vez dos aposentos da Rainha serem remodelados. É também com este rei que as fachadas do palácio sofrem alterações significativas de forma a tentar igualá-las umas às outras.
Filipe IV (Áustria)
Foi completada a estrutura arquitectónica que o alcázar conservou até à sua destruição por completo. Obras a cargo de Gómez de la Mora.
Carlos II (Áustria)
Durante o reinado de Carlos II as obras continuaram e foi criada uma outra torre, simétrica à Torre Dourada, a Torre da Rainha.
Filipe V (Bourbon)
Com Filipe V começou a última etapa da história do Alcázar de Madrid e das suas reformas. Desta vez as restaurações serão feitas nos interiores, para adequar o palácio ao gosto francês dos seus ocupantes. Mas Filipe V nunca gostou muito do palácio e mandou construir outro, o Palácio do Buen Retiro, local onde vivia normalmente.
O incêndio de 1734
E na noite de Natal de 1734 aconteceu o impensável.
Até hoje não se sabe muito bem como aconteceu, mas passados 15 minutos da meia-noite, as sentinelas do Alcázar dão voz de alerta para um incêndio de grandes proporções.
Os frades de San Gil, convento localizado ao lado do alcázar fazem repicar os sinos para avisar a população do fogo e chamar reforços mas, dada a hora que é, acabam por ser confundidos com os sinos a chamar para a Missa do Galo.
Segundo o relato feito a posteriori por Félix de Salabert, o incêndio começou nos aposentos do pintor da corte Jean Ranc, quando uns guardas decidiram celebrar aqui o Natal, aproveitando a lareira e o facto de os Reis e a corte não se encontrarem no palácio nessa noite.
Por medo a que o palácio fosse saqueado, os frades só deixaram entrar no palácio gente da corte e clérigos para ajudar a salvar o maior número de coisas possíveis: cofres cheios de moedas, joias e pedras preciosas da família real, a Perla Peregrina e o diamante El Estanque, assim como mais de 1000 quadros, esculturas e diversas obras de arte foram salvas com a ajuda de um dos “serralheiros reais”, a única pessoa nesse momento no Alcázar que tinha as chaves para abrir os diferentes quartos e poder salvar pessoas e bens.
Mas mesmo assim, mais de 500 quadros foram irremediavelmente perdidos, entre eles a obra maestra de Velazquez, La expulsión de los moriscos. Entre os quadros que foram salvos está Las Meninas, também de Velásquez, que foi arrancado da sua moldura e atirado por uma janela. O quadro ficou com um rasgão na bochecha da Infanta, mas o “acidente” foi habilmente restaurado por mestres da época e hoje em dia não se nota.
O fogo durou 4 dias e consumiu praticamente todo o Alcázar de Madrid, deixando apenas algumas paredes de pé que tiveram de ser demolidas pelo mau estado em que ficaram. As chamas eram tão fortes que muitos objectos de ouro e prata derreteram e os seus restos tiveram de ser retirados em baldes.
E tudo neste incêndio foi estranho… A família real, convenientemente, estava a passar o Natal no Palácio de El Pardo, quando normalmente assistiam à Missa do Galo na Capela Real do Alcázar; muitos dos quadros e da arte do palácio tinham sido retirados para o Palácio do Buen Retiro algum tempo antes, para não serem afectados pelas remodelações do interior; o aviso dos frades foi confundido com os sinos da Missa do Galo; a ajuda demorou muito tempo a chegar e praticamente nada foi feito para salvar o Alcázar.
Mas… Sabendo que Filipe V não tinha grande apreço pelo palácio, será que este não foi um crime propositado? O certo é que, 3 anos depois do incêndio, o que restava das ruínas do Alcázar de Madrid foi limpo e começou a construção do novo Palácio Real, exactamente no mesmo sítio.
PROGRAMA A TUA VIAGEM PARA MADRID
Reserva os teus voos baratos para Madrid através do Skyscanner.
Reserva o teu hotel no Booking, com toda a garantia e segurança de uma plataforma mundialmente reconhecida.
Faz uma visita guiada por Madrid comigo! Privada, personalizada e ao teu ritmo!
Descobre as melhores atividades de Madrid com a Civitatis! Entradas para museus, espetáculos e muito mais.
Chegaste ao aeroporto de Barajas e procuras um transfer privado para te levar ao hotel ou ao centro de Madrid? Aqui estão as melhores opções!
Contrata o teu seguro de viagens com a IATI através dos nossos links e recebe 5% de desconto!
Faz as tuas reservas através dos links parceiros que te deixo no final de cada artigo. Ao utilizares estes links NÃO PAGAS MAIS e ajudas-me a manter o blog, já que recebo uma pequena comissão por cada venda. Muito obrigada!