Se viste a terceira temporada da Casa de Papel, de certeza que ouviste falar do Banco de Espanha e da sua caixa forte. Se já passaste pela Praça de Cibeles de certeza que viste o sumptuoso edifício numa das esquinas… E se já fizeste uma visita guiada comigo pelo Parque do Retiro, de certeza que ouviste a lenda sobre a câmara do ouro!

O Banco de Espanha é o organismo do estado espanhol que atua como banco central nacional e é, juntamente com o Banco Central Europeu, o supervisor do sistema bancário espanhol.

Mas antes de aqui chegarmos, aconteceu muita coisa! Houve translado da sede de um lado para o outro e fusão de vários bancos, até chegarmos à entidade que conhecemos hoje em dia.

fachada principal do banco de espanha em madrid

História do Banco de Espanha e da sua fundação

A história do que viria a ser o Banco de Espanha que conhecemos hoje em dia começa em 1782, quando o rei Carlos III criou uma sociedade por ações, para instituições e particulares, chamada Banco Nacional de San Carlos e cujo objetivo principal era descontar os vales reais por dinheiro.

Um ano depois o Banco de San Carlos começou a emitir as suas primeiras notas, e as que são consideradas como as primeiras notas espanholas, chamadas cédulas. Ao contrário dos vales reais, estas cédulas podiam ser trocadas por dinheiro imediatamente e ao portador. Esta cédula durou até à Guerra Civil Espanhola e por esse motivo todas as notas tinham impressa uma legenda que dizia “El Banco de España pagará al portador…”, uma frase que sobreviveu até 1976, apesar de ter perdido o valor legal com uma lei de 1939.

nota antiga espanhola

Entre 1793 e 1814 Espanha esteve implicada em várias guerras que deixaram o Banco de San Carlos na falência, sobrevivendo até 1829, quando o Ministro das Finanças do rei Fernando VII com a ajuda dos acionistas do banco, paga as dívidas do banco e com o restante decide criar um novo banco, o Banco Espanhol de San Fernando, que passa a poder emitir notas em regime de monopólio em Madrid.

Em 1844, o Governo autoriza a abertura de um novo banco emissor de moeda, o Banco de Isabel II mas, três anos depois (1847) instala-se uma crise financeira internacional e o Governo decide resolver as dificuldades pelas quais passavam os dois bancos emissores de Madrid fundindo-os. A entidade que resultou deste processo conservou o nome de Banco Espanhol de San Fernando.

relógio e detalhes da fachada do banco de espanha
Relógio e detalhes da fachada

A 28 de Janeiro de 1856 o Banco Español de San Fernando muda definitivamente de nome para Banco de Espanha e nesse mesmo ano abre as primeiras sucursais em Alicante e Valência. Já em 1921 a Ley Cambó instituem o Banco de Espanha como o Banco Central de Espanha.

O Banco de Espanha teve a sua sede localizada em vários edifícios da ciade durante o século XIX, até que em 1882 começaram as negociações para a construção do edifício que conhecemos hoje em dia.

A primeira pedra foi posta a 4 de Julho de 1884, num ato ao qual assistiu o rei Alfonso XII, e o banco foi oficialmente inaugurado em 1891.

patio de operações do banco de espanha
Pátio de operações

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Curiosidades sobre o Banco de Espanha

– O primeiro edifício do banco estava localizado na Praça Jacinto Benavente, entre a Calle de la Bolsa e a de Atocha

– No dia em que se colocou a primeira pedra, o buffet oferecido aos convidados foi feito pelo restaurante Lhardy, que ainda existe e está no activo (reserva aqui o teu jantar no Lhardy)

– Em 1884, a Plaza de Cibeles chamava-se Plaza de Madrid

– O custo do primeiro edificio, terminado em 1891, foi de 104.000€

– As colunas do andar principal, os medalhões, paineis talhados, cariátidas e balaustradas das varandas são feitas com mármores de Carrara (Itália)

– Um dos motivos escultóricos que mais se repetem em toda a fachada do edifício é o de um deus da mitologia romana, Mercurio, deus do comercio.

escadaria monumental do banco de espanha de madrid
Escadaria monumental do Banco de Espanha

– Cada degrau da escada imperial está feito de uma única peça de mármore de 6 metros cada um

– O relógio da fachada, coroado pela bola dourada foi feito em Inglaterra

– A caixa forte utilizada para guardar a reserva de ouro custou 57.000€

– As portas da caixa forte são feitas de aço inoxidável

– Em 1936 o banco tinha 710 toneladas de ouro, a grande maioria em moedas e apenas 64 lingotes

– A caixa forte do ouro está a 35 metros de profundidade

biblioteca do banco de espanha
Biblioteca

– O primeiro banco, antecedente ao Banco de Espanha, foi o Banco Nacional de San Carlos (1782-1829), que teve entre um dos seus maiores accionistas a Francisco de Goya

– O Banco, desde a sua fundação e até à entrada do Euro, emitiu moedas com três nomes diferentes: reais, escudos e pesetas

– Os primeiros reais foram emitidos em 1856.

– O novo edifício do banco começou as suas operações uma segunda-feira, dia 2 de março de 1891, mas só foi inaugurado oficialmente no dia 3 de março de 1891

– Um terço das reservas de ouro espanholas estão no Banco de Espanha, em estantes construídas por Eiffel. O restante ouro está distribuido entre Fort Knox, Londres e Basileia.

maqueta completa do banco de espanha
Maqueta completa do Banco de Espanha

– Nas estantes da câmara do ouro espanhola estão acumulados 5400 lingotes de ouro puro, cada um deles de 12,5Kg com valor entre 600.000€ e 640.00€; 2000 lingotes irregulares, e o intocável ouro nazi (38 lingotes de ouro com uma suástica gravada), para além de outros objectos de valor como o primeiro maravedí com caracteres latinos do séc. XII.

O roubo ao Banco da Espanha é verdade?

O Banco de Espanha é uma instituição notável com uma rica história, e como tal, atraiu a atenção de muitos, alguns dos quais tiveram intenções menos nobres. O banco tem sido o alvo de numerosos roubos ao longo dos anos, alguns dos quais são verdadeiros e outros que são pura ficção.

Um dos casos mais famosos de roubo ao Banco da Espanha é retratado na popular série de televisão espanhola “La Casa de Papel”. No entanto, este é um evento completamente fictício, criado para o entretenimento. A trama envolve um grupo de criminosos que realizam um assalto audacioso ao banco, mas não tem base na realidade. (E a fachada retratada na série nem sequer é a do Banco de Espanha de verdade)

Em termos de roubos reais, um caso notável ocorreu em 1981, quando um grupo de criminosos conseguiu roubar 1,5 biliões de pesetas do Banco de Espanha em Barcelona. Este evento é conhecido como “o roubo do século” em Espanha e é um dos roubos mais audaciosos na história do país.

Em 2005, um outro incidente ocorreu, quando um grupo de ladrões escavou um túnel de cerca de 100 metros de uma casa alugada até uma das sedes do banco em Madrid. Este roubo resultou no furto de aproximadamente 200 cofres de segurança. Este caso é muitas vezes comparado ao enredo de “La Casa de Papel”, embora não haja nenhuma ligação direta entre os dois.

Em resumo, enquanto muitos roubos ao Banco de Espanha são pura ficção, existem casos reais que provam a atratividade desta instituição para os criminosos. Cada caso tem a sua própria história única, e eles continuam a ser uma parte fascinante da história do banco.

Lenda da caixa forte e da fonte de Cibeles

Segundo conta a lenda, a caixa forte do banco encontra-se justamente por baixo da fonte de Cibeles, a 35 metros de profundidade. Entre a fonte e a caixa passam dois canais de água subterrâneos, o de Las Pascualas e o de Oropesa, este último é o que fornece a água da fonte mas, no caso de haver uma tentativa de assalto à caixa forte, ambos são redireccionados para o banco, inundando o fosso da caixa forte em poucos segundos e fazendo com que seja impossível escapar com vida.

uma das portas da caixa forte
Uma das portas da caixa forte

Para poder chegar ao interior da câmara blindada é necessário atravessar três porta de segurança blindadas, de 8, 15 e 16 toneladas respectivamente. Cada uma destas portas é aberta com duas chaves e dois códigos e é impossível abrir uma das portas se as outras não estiverem fechadas.

Além das portas blindadas, existem também sensores de movimento e câmaras de vigilância.

A caixa forte é tão indestrutível que durante a Guerra Civil espanhola foi utilizada como refúgio para as famílias que viviam no edifício do Banco.

interior da câmara onde se encontra o ouro
Interior da câmara onde se encontra o ouro

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Portuguesa, nascida e criada em Braga, madrilena de adopção. Tradutora de "curso", Analista SEO de profissão, trabalhei na capital espanhola durante 9 anos. Adoro viajar, perder-me pelas cidades, conhecer novas culturas e amo o mar! Faço visitas guiadas por Madrid em português e escrevo sobre as centenas de curiosidades que esta cidade guarda!

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