Depois de muito tempo, muita procrastinação e muito pensar, e repensar finalmente consegui escrever um artigo sobre estas placas que se encontram por todo o lado no centro de Madrid, mas que ninguém sabe muito bem explicar para que funcionavam…. Ou se funcionavam. As famosas “Visita G. Manzana” ou “Visita G. Casa”, seguido de um número.
Se já visitaste Madrid, provavelmente passaste e reparaste (ou não) nestas placas de cerâmica nas fachadas das casas mais antigas. Hoje falamos sobre o que significam e porque existem.
O que significam as placas “Visita G Manzana” no centro de Madrid
O que é uma manzana?
Antes de mais, convém esclarecer o que é uma manzana, pois neste caso não se trata da fruta que comes ao lanche. Em espanhol, uma manzana é um termo urbanístico que designa um conjunto de edifícios delimitado por quatro ruas. Em português, seria equivalente a um quarteirão. Em Madrid, há cerca de 9000 manzanas, cada uma com uma forma e um tamanho diferentes.
A origem das placas “Visita G Manzana”
As placas de “Visita G Manzana” remontam ao século XVIII, quando Madrid era uma cidade caótica e confusa, sem uma ordem nem uma lógica nas suas ruas e casas. Muitas ruas não tinham nome oficial, mas sim apelidos populares baseados em acontecimentos ou personagens que ali viviam ou passavam. Por exemplo, havia a rua do Leão, a rua da Princesa, a rua do Barquillo, etc. Além disso, muitas ruas tinham nomes repetidos ou variados (praça, beco, travessa…), o que dificultava a orientação e a localização.
Para pôr fim a este caos, e sobretudo para facilitar o cobro dos impostos aos proprietários, o governo de Fernando VI por ordem do Marquês de la Ensenada decidiu elaborar um plano urbanístico chamado Planimetría General de Madrid (1750-1751), que consistia em numerar as manzanas e as casas de cada uma delas. Assim nasceu o sistema de “Visita G”, que significa “Visita General da Realeza do Aposento”.
A Realeza do Aposento era um imposto que os proprietários tinham de pagar ao rei pela ocupação do solo urbano. Era calculado com base no número de janelas e portas que cada casa tinha para a rua. Por isso, era importante ter um registo atualizado das casas e das suas características. Para fugir a este imposto nascem as casas a la malícia, algo de que falarei noutro artigo.
Cada manzana recebeu um número, começando pela mais próxima da Puerta del Sol, e cada casa dentro da manzana também recebeu um número, seguindo uma ordem concêntrica. Assim, as placas indicavam a que manzana e a que casa pertencia cada edifício. Por exemplo, uma placa que diz “Visita G Manzana 23 Casa 4” significa que essa casa pertence à manzana número 23 e é a quarta casa dessa manzana. As placas eram colocadas nas fachadas dos edifícios, junto às portas ou às janelas.
Porque é que o sistema não funcionou?
Apesar da intenção de ordenar e simplificar a cidade, o sistema da Visita G. Manzana revelou-se bastante confuso, ineficaz e problemático por várias razões:
- A numeração das casas dava a volta à manzana, o que podia gerar ambiguidades e equívocos. Por exemplo, podias encontrar o número 1 numa esquina e outro número 1 na esquina oposta, ou o número 5 numa porta e o número 17 na porta seguinte.
- A picaresca dos habitantes fazia com que alguns fechassem ou mudassem as portas das suas casas para evitar os cobradores de impostos ou para beneficiar de alguma regalia ou isenção fiscal.
- A demolição ou construção de novas casas alterava o número e a forma das manzanas, tornando o sistema obsoleto e inconsistente.
Quando é que o sistema mudou? O novo sistema
Este sistema manteve-se em vigor até 1835, quando o marquês de Pontejos, corregedor de Madrid, propôs um sistema mais simples e lógico: atribuir um nome oficial a cada rua e colocar uma placa identificativa em cada extremo. Quanto à numeração das casas, estabeleceu-se que o início da rua seria o ponto mais próximo do quilómetro zero na Puerta del Sol, com os números ímpares à esquerda e os pares à direita. Este sistema é o que ainda hoje se usa em Madrid.
Porque é que as placas ainda existem?
Apesar do novo sistema de numeração das ruas, as placas da Visita G. Manzana não foram retiradas nem substituídas. Pelo contrário, foram conservadas como um testemunho histórico e cultural da cidade. Além disso, algumas placas foram repostas ou adicionadas em casas novas ou reconstruídas posteriormente, como forma de homenagear ou imitar a tradição.
Hoje em dia, as placas são consideradas um elemento distintivo e emblemático de Madrid, e fazem parte do seu património artístico e arquitetónico. Existem cerca de 557 manzanas numeradas na cidade, mais o Palácio Real, que não era taxado. Podes vê-las todas no mapa elaborado por Antonio Espinosa de los Monteros em 1769.
As placas “Visita G. Manzana” são um vestígio do antigo sistema de numeração das manzanas e das casas de Madrid, criado no século XVIII para facilitar a cobrança dos impostos e a localização dos contribuintes. Embora este sistema tenha sido substituído pelo atual em 1834, as placas foram mantidas como um símbolo da história e da identidade madrilenha.
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